Os
Elementais estão ligados as forças da natureza, os quatro
Elementos: Ar, Água, Terra e Fogo. Dependendo da cultura e crenças
locais, podem assumir variadas formas, serem adorados ou temidos.
Os
egípcios os chamavam de Ifrits; em alguns países da
África eles são os Yawahu, em outros, os Ghoddis; os
persas chamavam-nos de Daevas; entre os povos da Ásia ele
eram chamados de Phiyes; entre os gregos eles eram os Daemons
e no Japão são conhecidos por Oni (uma
classe de espíritos que está incluída entre os Youkai).
Entre os romanos, eram chamados de Genius Loci (Gênio Local) e eram
alvos de adoração pela qual erigiam-se templos. Mesmo no folclore
brasileiro, alguns personagens (como a Caipora e Mãe-d’água)
possuem características comuns aos elementais.
Paracelso,
em toda sua extensa obra, fez várias citações diretas a respeito
dos elementais. O alquimista teria tomado conhecimento e
interessado-se pelo tema em suas viagens ao oriente. Segundo ele, os
quatro elementos originais do universo eram constituídos de dois
princípios distintos: um metafísico (sutil e vaporoso) e outro
físico (substância corporal). Os elementais seriam seres compostos
do primeiro princípio, uma substância conhecida por éter. De outro
modo, os corpos dos elementais são constituídos de uma matéria
trans substancial; que, em momento algum, se assemelha ao corpo
físico dos homens.
Ainda,
segundo Paracelso, “os Elementais não são espíritos porque têm
carne, sangue e ossos; vivem e se reproduzem; eles falam, agem,
dormem, acordam e, consequentemente não podem ser chamados,
propriamente, espíritos. Estes seres ocupam um lugar entre Homens e
Espíritos, são semelhantes a ambos; lembram homens e mulheres em
sua organização e forma, e lembram espíritos na rapidez de sua
locomoção”; ainda “Os Elementais possuem habitações,
roupagens, costumes, linguagem e governo próprios, no mesmo sentido
que as abelhas têm suas rainhas e os bandos e/ou comunidades animais
têm seus líderes” (Philosophia Occulta – Tradução de Franz
Hartman).
O
alquimista medieval ainda afirma que os elementais não são
imortais. Sua longevidade estaria entre 300 e 1000 anos. Ao morrerem,
se desintegram e retornam a substância da qual se originou. Os
elementais pertencentes ao plano terrestre têm uma probabilidade
menor de vida; enquanto os elementais do ar tendem a viver por um
período maior. Os seres humanos, por não disporem de total
desenvolvimento de suas capacidades psíquicas e espirituais, não
seriam capazes de ver ou se relacionar diretamente com os elementais.
Os reinos dos elementais
Segundo
Paracelso, os elementais dividem-se em quatro “categorias”
distintas, sendo que cada uma está associada a um reino da natureza.
Em outras interpretações, os elementais também estão associados a
um ponto cardeal e a um dos quatro principais signos do zodíaco;
sendo os gnomos ao norte e ao signo de Touro, ondinas ao oeste e ao
signo de Escorpião, salamandras ao sul e ao signo de Leão e silfos
ao leste e ao signo de Aquário.
Na
citação direta de Paracelso: “habitam os quatro elementos:
Ninfas, na água; Silfos, no ar; Pygmies, da terra e Salamandras, no
fogo. São também chamados Ondinas, Silvestres, Gnomos e Vulcanos.
Cada espécie somente pode habitar e locomover-se no Elemento ao qual
pertence e nenhum pode subsistir fora do Elemento apropriado. O
Elemento está, para o Elemental, como a atmosfera está para o
Homem; como a água para os peixes e nenhum deles sobrevive em
elemento pertencente à outra classe. Para o Ser Elemental o Elemento
no qual ele vive é transparente, invisível e respirável, como a
atmosfera para nós mesmos” (Philosophia Occulta – Tradução de
Franz Hartman).
Gnomos
Os
gnomos são os elementais correspondentes ao reino da terra e
subdividem-se em duas classes: os Pygmies e uma segunda classe
denominada Espíritos das Árvores e das Florestas que abrange os
silvestres, os sátiros, os pans, as dríades, hamadríades,
durdalis, elfos e os duendes.
Os
Pygmies atuam com pedras preciosas e metais que inclui o corte dos
cristais-de-rocha e o desenvolvimento dos veios minerais. São
guardiões de tesouros ocultos e habitam cavernas e subterrâneos que
as antigas tradições escandinavas denominavam Land of the
Nibelungen (Terra dos Nibelungos). Os Espíritos das Árvores e das
Florestas estão associados a elementos da natureza terrena de um
modo geral, como as Hamadríades que nascem e morrem com as plantas
ou árvores das quais fazem parte.
De
um modo mais abrangente, os elementais pertencentes ao reino da terra
e à vida vegetal, atuam na própria criação e proteção dos
indivíduos, rejeitando nutrientes, preservando as sementes, entre
outras atividades.
Há
uma organização social formada por famílias de gnomos e uma
hierarquia encabeçada por um rei. Sobre seu comportamento, alguns
autores afirmam que são seres hábeis, inteligentes e amigáveis ao
ser humano. Outras fontes asseguram que podem ser extremamente
maldosos. Entretanto, em qualquer situação, após conquistar sua
confiança, o gnomo torna-se solícito e cooperativo. Seriam, ainda,
excelentes companheiros para auxiliar no sucesso de tarefas mágicas,
desde que estas fossem realizadas com propósitos benéficos. Caso
contrário, ao perceber más intenções e sentir-se traído, o
elemental volta-se contra o mago.
Ondinas
As
ondinas são os elementais pertencentes ao reino da água. Por uma
associação natural do simbolismo da água ao polo feminino da
criação, os seres deste reino são comumente representados como
mulheres. Há diversas classes de ondinas, como oreádes, nereidas,
náiades e as mais populares sereias. Estando cada classe relacionada
a uma situação determinada, como rios, lagos, cachoeiras e oceanos.
As
ondinas são capazes de interagir livremente com criaturas aquáticas.
Em seu aspecto “físico”, uma ondina possui o dorso de uma mulher
e os membros inferiores substituídos por uma cauda de peixe. Embora,
eventualmente, possam transfigurar-se provisoriamente em humano e
conviver normalmente entre os homens. Relatos sobre ondinas
(geralmente classificadas como sereias) que emitem um canto hipnótico
e atraem marinheiros às profundezas das águas são comuns em
diversas culturas. Em seu comportamento, são consideradas seres
emotivos e amigáveis com o homem, a ponto de servir aos humanos.
Salamandras
As
salamandras estão relacionadas ao fogo. De acordo com as crenças
dos místicos medievais, não há fogo ou calor sem que as
salamandras atuem. Entre os elementais, são consideradas as mais
poderosas e menos amistosas ao homem. Do mesmo modo que os outros
elementais, as salamandras estão subdivididas em classes. A mais
conhecida destas classes e denominada Acthnici.
Sobre
estes seres, Paracelso diz que “salamandras têm sido vistas de
diversas formas desde bolas de fogo até línguas de fogo, correndo
sobre os campos ou espreitando nas casas”. Outras crenças
atribuíam aparições de salamandras em uma forma esférica
flutuando pela noite acima das águas; também como forquilhas de
chamas sobre os rebanhos de ovelhas (esta segunda situação é
conhecida como o Fogo de Santelmo).
Seu
aspecto assemelha-se a lagartos. Ainda, para que um humano possa
conectar-se com estes seres, eram fabricados incensos que, através
da fumaça produzida, estes elementais poderiam se manifestar.
Silfos
Os
silfos pertencem ao quarto reino da natureza, o ar. Porém, o ar
(como elemento) referido não é a atmosfera propriamente dita, e sim
uma substância muito mais sutil e intangível ao homem. Entre os
silfos, enquadram-se as conhecidíssimas Fadas.
Era
comum a crença de que estes seres habitavam o cume das mais altas
montanhas da Terra ou as nuvens. Segundo as antigas crenças, os
silfos têm por função modelar os cristais de gelo para que
transformem-se em flocos de neve. Sua longevidade atingia em torno de
1000 anos e teriam a capacidade de transmutar temporariamente sua
aparência de modo a se assemelharem aos humanos. Seu comportamento é
alegre, volúvel e excêntrico.
Yōkai
(cultura japonesa)
Yōkai
(lit. demônio, espírito, ou monstro), também escrito como youkai,
é uma classe de criaturas sobrenaturais do folclore japonês, que
inclui o Oni (lit. “ogro”), a kitsune (lit.
“raposa”) e a yuki-onna (lit. “mulher da neve”). Alguns são
humanos com características de animais, ou o contrário, como o
Kappa (lit. “criança do rio”) e o Tengu (lit. “cães
sagrados”). Um yōkai, geralmente, tem algum tipo de poder
sobrenatural ou espiritual, e assim encontros com humanos tendem a
ser perigosos. Um yōkai que tem a habilidade de se transformar é
chamado de obake. O termo yōkai é ambíguo, e pode
ser usado para designar todo tipo de monstro e criatura sobrenatural. Para que não fiquem mais dúvidas, Youkais também podem ser classificados como Elementais!
Na
folclorística japonesa tradicional, os yokai são classificados (não
muito diferente das ninfas da mitologia grega) por localização ou
fenômeno associado à sua manifestação. Yokai são indexados no
livro Sogo Nihon Minzoku Goi (“Um Dicionário Completo do Folclore
Japonês”), como segue:
*Yama
no ke (montanhas), michi no ke (caminhos),
ki no ke (árvores), mizu no ke (água), umi no ke
(o mar), yuki no ke (neve), oto no ke (som), duosutsu
no ke (animais reais ou imaginários).
Han'yō
(lit. yōkai mestiço) são seres híbridos, comumente retratados
como filhos da relação entre yōkai e humanos, mantendo alguns
poderes demoníacos, mas com um lado humano, ou de alguma outra
espécie envolvida na história. Muito presente nas mitologias de
vários mangás de sucesso, como InuYasha e Yu Yu Hakusho.
Oni
(Cultura japonesa)
Oni
são criaturas da mitologia japonesa. O termo Oni é equivalente ao
termo “demônio” ou “ogro”, porque tais podem descrever uma
variedade grande das entidades. Onis são criaturas populares da
literatura, arte e teatro japonês.
Um
oni é humanoide; eles geralmente são grandes, mas às vezes,
pequenos, e têm rostos de homens, macacos ou bestas e ocasionalmente
até de pássaros. Frequentemente possuem chifres que variam desde
pequenas protuberâncias a chifres longos, pontudos e espiralados que
formam arcos como em um antílope, ou lisos como os chifres de um
dragão. Selvagens na natureza, raramente vestem muito mais do que um
fundoshi.
A
variação mais famosa dos oni – com chifres como de um boi e
trajando um fundoshi de pele de tigre, pode ser relacionado ao kimon,
a porta do demônio, através da qual os infortunados do mundo devem
passar. A porta é encontrada no noroeste, ou no sentido do ushi-tora
– Ushi e tora que são os sinais do boi e do tigre.
Por
outro lado, a aparência dos oni é derivada provavelmente dos
demônios chineses, importados dos contos do submundo budista.
Emma-Daiō, o rei do jigoku (inferno), é imaginado às vezes como
tendo dois assistentes, o aka-oni (ogro vermelho) e o ao-oni (ogro
azul ou verde).
O
oni ni kanabō possui um porrete cravejado com pontas de ferro, o
kanabō. Mesmo que uma arma tão poderosa pareça desnecessária nas
mãos de uma besta tão amedrontadora, de qualquer maneira esses onis
são descritos frequentemente carregando estes instrumentos
destrutivos.
O
oni pode certamente ser encontrado torturando os pecadores no
inferno, e ameaçam também seres humanos neste mundo, procurando nas
montanhas e povoados de lugares distantes, e montando nas nuvens como
os espíritos do vento e do trovão.
Enquanto
nos contos folclóricos os onis são geralmente criaturas maliciosas,
antropófagas a serem temidas e destruídas por heróis errantes, o
oni pode também ter uma função protetora. As telhas onigawara,
encontradas na extremidade de telhados japoneses são assim chamadas
porque são curvadas originalmente dessa forma para se assemelharem à
cara de um ogro, com semblantes ferozes, pretendendo espantar
espíritos prejudiciais.
Oni
é uma parte chave do feriado japonês conhecido como setsubun. Este
festival marca o começo da primavera, e o ano novo no antigo
calendário lunar. Pessoas com máscaras do ogro são ritualmente
afastados, simbolicamente protegendo o ano vindouro do infortúnio e
do mal. Há muito tempo, o oni poderia ser repelido pelo fedor de
sardinhas ardentes e outros métodos, mas hoje é o mais popular
lançar grãos de soja (que é dito o oni odiar) e gritando "Oni
wa soto! Fuku wa uchi!" (“Para fora com demônios! Venha a
felicidade!”).
Ifrits
(cultura
árabe)
Na mitologia árabe, ifrit
(masculino), e ifritah (feminino), são os nomes dados a uma classe
de Jinni (djins) infernais, notórios por sua grande força e
astúcia.
Um ifrit ou Efreet (ou
ifritah) apresenta-se como uma enorme criatura alada constituída de
fogo que vive no subsolo e costuma frequentar ruínas. Armas comuns
nada podem contra eles, todavia, sendo suscetíveis à magia, podem
se tornar vítimas ou escravos de humanos que dominam as técnicas
apropriadas. Os ifrits vivem numa sociedade organizada nos moldes
tribais árabes, com reis, tribos e clãs. Geralmente, eles casam-se
entre si, mas podem também casar-se com seres humanos. Na maioria
das histórias, pessoas afortunadas encontram ifrits que foram presos
por magos em lâmpadas mágicas e forçados a conceder desejos.
Da mesma forma que os jinni
(Djins) em geral, os ifrit podem ser descritos como crentes (no
Islamismo) e infiéis, bons ou maus. Mais frequentemente, são
retratados como perversos e impiedosos. Também é citado nas Mil e
Uma Noites. ©
Fontes
de pesquisa: